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segunda-feira, dezembro 28, 2009

E eu perdi minhas lágrimas no mar,

     confundi meus passos marcados na areia e só então pude perceber que o céu começava a derramar seu pranto em silêncio. Despedi-me de quem fui e procurei descobrir quem serei, a única coisa que aqui permanece é o amor.

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Memórias Esquecidas

Deixe a porta fechada, arrume sua sala...
Hoje já não há mais ninguém em casa.
Não há mais calor nas paredes...
Toda a vida agora aqui jaz.
Dentre todas as lembranças...
A que me corta é a de maior bem querer.
Toda nossa história baila na minha memória,
E você insiste em bater à minha janela.
Mas, por favor, me deixe...
Hoje eu preciso adormecer.
Vá, reúna as memórias esquecidas,
Lembre das nossas frases já enfraquecidas.
Cumpra a promessa de me fazer feliz.
E se isso te levar pra longe de mim,
Faz ser assim.

sábado, dezembro 19, 2009

lembrança, verbos e anis

 De repente da poesia fez-se refrão. Suas rimas contagiantes e versos instigantes a envolver, derreter os ouvidos do cidadão apaixonado. Enquanto ligava seu rádio à pilhas em qualquer estação descobriu o verão e delirou de A a Z as palavras de bem-querer. Fez com que o distante estivesse diante, e o doloroso, caloroso. Transformou águas em aquarelas, brisas em sua tela e pintou seu viver, pintou o autor daquela música, aquela outrora poesia, nuvem. Dedilhou sensações, descobriu percepções, de cores e sabores. Olhou através de uma janela e viu o arco-íris de atos e fatos, quis ser ontem para eternizar cada memória, fez do pranto nota melodiosa, transformando em mar todo chão que pisara, banhou-se dos perfumes e cores de cada jardim que encontrara; fazendo o amanhã ser daqui a pouco.

 Enquanto a música lhe fazia homem, sua bela moça avistou, correndo ao seu encontro com caracóis e girassóis, num sobressalto ela lhe encarou, buscando entender motivos daqueles anis que ele lhe estendia, transformando sua vida em um licor de emoções, refrões. Entendeu que daquele sorriso só poderiam emanar flores e rumores. Ruminou a idéia de em um par estar, apaixonada por um olhar que não entendia o que lhe transmitia, mas lhe prendia. De papel ela fez seu coração e lhe entregou, deixando além de sua lembrança, seu verbo. Ele entoou uma música perdida em seus devaneios e esperou que ela entendesse. Ela já não podia lhe escutar.

quarta-feira, dezembro 16, 2009

Discos mudos

E aquele retrato ainda está aceso aqui na minha lembrança, todos os sons, risos e mares que nos consumiam, que nos tomavam e nos faziam ser aqui e ali. Lembrando dos momentos em que você e eu nos descobrimos apenas um, um mar de saudade e um luar repleto de palavras que me faziam delirar. Recuperei o gosto da sua boca na minha, a me falar em sons mudos todos os seus sentimentos, enquanto que eu apenas conseguia fechar os olhos e me fazer sua, completamente entregue a seus sorrisos e nossos abraços. Agora fica a saudade, saudade dessas lembranças, saudade do seu cheiro que ainda está em mim. Olhando para meu travesseiro consigo me lembrar de você deitado, com os olhos semicerrados a me fitar, a me devorar. Fazendo-me ter certeza de que mesmo na vastidão do universo, nada está propenso a ser além, além dos nossos amores e nossas canções.

Os vultos da madrugada testemunham cada sussuro de uma conversa travada à meia luz, guardando todas as sensações de um dia de mar, um mar de querer, quereres em dualidade. Te procurei nas páginas do meu livro, enquanto meu telefone não me trazia de volta sua voz rouca após aquele whisky que tomara para afundar a melancolia da distância causada pela brisa que partira meu coração em fragmentos de ardor. Enquanto aguardava a escuridão tomar meu corpo e me adormecer, peguei meu livro manchado e te procurei nas páginas amassadas, retratos de aluguel. Olhei para os discos de bossa nova e não pude deixar de tocá-los, mas só meus ouvidos não os ouvia, ecoando sempre aquela imensidão de vazio, que apenas sua ausência é capaz de gerar.

Fechei os olhos mais uma vez e te idealizei ali, a me segurar entre mãos e pernas. Me perdi enquanto explorava seus devaneios, sentindo sua urgência, lhe sussurei a falta que me fez e vi seus lábios se moverem em resposta aos meus cabelos em seu rosto, mas não conseguia ouví-los, pareciam distantes, ecos mudos. Mas você ainda estava ali e eu conseguia lhe tocar, resolvi então viver naquele abraço e me fazer sua. Perdi o fôlego quando consegui enfim ouvir um som e então, abri os olhos e vi o sol.

sexta-feira, dezembro 11, 2009

Microconto #1

Ele pegou sua mão e a fez percorrer cada microporo de sua pele.
Assustada, ela recuou.
Ele a respondeu com um abraço capaz de mostrá-la cada centímetro de seu corpo.
Ela acha que foi apenas mais um fruto de sua imaginação.

domingo, dezembro 06, 2009

Cíclica estação

Mais uma estação nasce,
Mais uma primavera chega,
E os anos passam, as desventuras se desfazem.
Principalmente os amores permanecem
Cíclico e inconstante, um dueto de ontem e hoje
Os anos passarão, mas a essência permanecerá
No próximo amanhecer da estação,
Mais um ano se dará,
Mais um sol resplandecerá
A juventude um dia acabará,
Mas a alegria e amor que emanam,
Essa dupla nunca disseminará
Hoje te dedico o som e o sol
Amanhã você conquistará o mar
E na próxima chegada dessa mesma estação
Cada partícula da memória bailará

~*

Parabéns ao meu leitor e amigo Vinícius =D

sábado, dezembro 05, 2009

Prosa Presa

Prenderam a Prosa, alegando que ela falava por demais, contando casos e acasos do menino e do beija-flor. Entre este e aquele verbo, destacava-se o amor; vítima da Prosa, com seu medo da dor. Mas a Prosa era menina direita, e era com apreço que contava o tempo, fazia vidas em aquarela e cantava o esquecimento. Jamais deixava para o segundo tempo o que o tempo agora lhe pedia, dançava no ritmo da saudade e lembrava dos tempos de mocidade: Suas primeiras aventuras, seu primeiro verbo narrado e até mesmo aquele que fora musicado. Lembrou de notas do samba e pediu mais uma vez aquela melodia; fora caça e caçador do mesmo objeto, cabendo sempre na mesma frase, vivendo a mesma realidade. Num golpe magistral a Poesia tomara seu tino, começara a versar seu riso. E lá elas se misturaram fazendo poesia cantada, fazendo verso recitado, até a Poesia tomar seu lugar e as pessoas deslumbrar. A Prosa queria mesmo só ser lembrada, fazer das suas letras, carta marcada. E enquanto buscava espaço entre uma estrofe e alguns milhos de pipoca estourada que percebeu como lhe fazia falta todo o seu dueto de domingo e segunda-feira. Então resolveu voltar, resolveu seu verso bailar. E nesse tango de nostalgia e reconquista se deparou com os mistérios de escrever contínuo enquanto as palavras pareciam querer pular para o próximo verso. Com esmero conseguiu na Poesia uma cantada passar, começando a lhe conquistar, sabendo que era apenas um artifício para tomar de volta seu lugar. As leis não lhe importava, o certo-e-errado perdeu-se nos ladrilhos daquela ruela. Até descobrir que aos olhos do Poeta, a Poesia transcendia e o amor era incondicional. Percebeu que não deixara de existir, apenas ficara presa na cegueira do Poeta...

terça-feira, dezembro 01, 2009

Vivendo no seu abraço

Terceiro 1; Segunda comemoração de 1
Grande e nobre sentimento de Infinito
Se foi antes ou depois daquele beijo não sei te dizer
Sei que deixei de ser 1 para viver 2
E vivendo 2, passamos a ser 1
Nesse jogo de números, vivemos as palavras
Vivendo as palavras, sentimos o amor
Quisera eu outrora ter segurado sua mão
Ter te levado pelo labirinto de descobertas
Disso que se designa estrada da vida
Hoje anjos cantam seu nome em gratidão
Por cada instante de sorriso emanado
E enquanto sigo vivendo no seu abraço
Beijo seus olhos que guardam meu coração
E hoje só sei que ainda será amanhã
Você o dono do meu sorriso, do meu olhar
Protagonista dos meus sonhos
Nesses dias de casos e acasos
Esses dias de eu, aqueles dias de você
O plim plim ecoa para os vultos
Enquanto nos fazemos em música e emoção
Mostrando-me seu groove, dançando no meu ritmo
Desse angustiante tango da saudade
E o sono vai embora, a vontade me devora
Memorizando eternamente o nosso 1
Até mesmo quando o 1 já for 100
Ou que esse 100 se torne o além
Este ou aquele, o que vier primeiro
Acolá e aquém, só você, mais ninguém

domingo, novembro 29, 2009

Eco mudo

Ela lhe convidou para brincar de ardor, querendo fazê-lo transitar entre esta e aquela dimensão.
Ele se entregou. Querendo conduzí-la dentre o fogo que ali ardia, tocá-la por inteiro com seus dedos fumegantes de calor.
Ela conseguia lhe dominar, certa e determinada em cada ação, querendo dele entrega em toda alucinação.
Ele tinha ciência daqueles braços aparentemente frágeis a lhe entrelaçar e daquela suave boca a lhe marcar.
Chegava o momento de total embaraço, total era o desejo que eles se confudiam, sem saber explicar onde cada braço começava e onde cada perna teimava em terminar, desejando continuar a viver dois e desesperando-se para completar-se.
E num momento que não souberam explicar, mar e céu tornaram-se um. Um desejo, um eco mudo, um só querer, um grito de silêncio. Um sentimento.

quinta-feira, novembro 26, 2009

Salada de Emoções

Juntar tudo numa só mistura
Ser diferente vez ou outra
E ser nutritivo outra vez
Pegar toda e qualquer história
E fazer dela a história da vez
Unir substâncias distintas
Em busca de novas fantasias

Misturar o belo e o incrédulo
Ser utopia e pôr-do-sol
Um dia sob a face do poeta
E no outro de um girassol
Coexistir sempre na face do amante
Livre pra cantar e delirar

Fazer do eterno o logo ali
Batucar cada gota que cai do céu
Preparar um suco de emoções
Ser ontem e amanhã
Antes e daqui a pouco
Viver a imaginação
Sempre nessa Salada livre


~*

Visitem: http://saladalivre.blogspot.com/

quarta-feira, novembro 25, 2009

Living

A vida é narrada em notas e silêncio
Representada por sorriso e lágrima
Vivida em emoção e desalento

Uns a tomam por intensa
Outros a denominam passageira
De fato é corriqueira
Difícil será vê-la perder a aura intensa
Tampouco fechar as cortinas para a aurora

Se quiser correr para o mar,
Feche os olhos e deixe a brisa te abraçar
Caso queira se esconder num pôr-do-sol,
Apenas estenda a mão e siga o som

Já vi a vida ser tomada levianamente
Com apreço por diretrizes de um desacerto
Enquanto outros a viveram magistralmente
Transformando em silêncio qualquer discrepância

Levaram-na por meios obscuros
Sempre em busca do infinito
Sem notar que o início transforma-se em meio
E todo meio um dia haverá de virar fim

terça-feira, novembro 24, 2009

Soneto de carnaval

Não tem nome, não tem definição
Te vejo pelas paredes vivas da vida
E como água em dia de verão
Nos esbarramos em cada avenida

Feche os olhos e deixe o bloco passar
Toda essa algazarra, essa correria
Decerto retratam meu coração a prosear
Tomado de saudade em plena euforia

Queria mandar a bateria tocar
Cada nota pelo meu corpo escondida
Compondo o samba da despedida

Na quarta-feira com o sol a bailar
Levaram-me cada parte da bateria
Mas o chão eterniza cada serpentina

segunda-feira, novembro 23, 2009

Além e aquém

Percebe-se o brilho em seus olhos na transparência do ar
Vive-se a energia que seu corpo emana nos raios de sol
Dança-se o ritmo dos seus beijos nas noites de luar
Eterniza-se o calor do seu abraço num banho de chuva

Procuro verbos para o sentimento
Caço substantivos para as sensações
Perco-me em advérbios da saudade
Descubro-me num mar de palavras,
Mas nenhuma cabe na mesma frase que você

Podendo ir além, vou aquém
É aqui que você está
Não há no que apostar
Nem perdi, nem ganhei. Te conquistei.

sexta-feira, novembro 20, 2009

Pólos e notas...

E era apenas mais um dia de todos os mesmos clichês
Todos os mesmos destinos à mercê
E o infinito foi idealizado, o amor foi cantado e eles lá foram
A correr e passear sem ter porque frear.
Eram amores e ardores, corridas e abraços
E momentos em que era só você e eu.
Aqui, ali, vamos até um pouco além do universo
Não há lugar para parar
Vamos seguir em frente, vamos fazer diferente.
Ser sempre eu e você, em todas as estações
Em todos os pólos ou notas
Seremos mais uma vez luta e conquista
Força e compreensão
Sempre aptos a ser mais samba
Ser mais inverno, ser mais verão
Vem pra perto, chega maroto
Canta o som do meu coração
Enquanto te escuto e só sinto melodias
A invadir, a me tomar a me ter... Sem fim.

quinta-feira, novembro 19, 2009

Só enquanto eu...

E naquela manhã, ela acordou com o hálito quente dele na memória e ao esticar os braços para entrelaçá-lo, descobriu-se por abraçar o vazio. É, fora mais um sonho.

Quisera ela ter eloqüência suficiente para descrever o ímpeto que a fez pegar papel e lápis tão logo pôs os pés no chão, resolveu justificar pelo amor e saudade, na falta de palavras mais amplas. Mas ainda as achava tão pobres ao lado do tsunami de emoções que ele lhe proporcionava... Descobriu como era bom encostar no travesseiro e lembrar que apesar do frio lá fora, o coração estava aquecido. Chegava a criar uma antítese. Mas ela já havia se declarado fã delas mesmo, então se viu a continuar vivendo esse maremoto ora óbvio, ora utópico e a tomá-lo nos braços para viverem o óbvio utópico.

E num momento de romantismo exasperado, só conseguiu permitir que o coração usasse suas mãos para gritar o que estava sentindo... Dedicou-lhe seus versos mais modestos, fê-lo acreditar que só enquanto mantivesse a sanidade e respondesse por si; só enquanto pudesse chamar isso aqui de Terra e enquanto Friedrich Nietzsche pudesse ser chamado de filósofo; só enquanto o real ainda fosse utopia e a utopia não tivesse nada de fantasia; só enquanto respirasse, lembraria dele.


E assim tem sido.

quarta-feira, novembro 18, 2009

Despedida da estação

Abra as portas do seu corpo
Chegou a época de riso e ardor
Dispa-se das flores e vista-se de amores
Tantos quanto a temporada permitir
Vários amores de fim de tarde
Um amor de estação ou até um amor de verão
Que vem, brinca com toda sensação
Tira o fôlego num olhar
Incendeia num leve caminhar
Chega perto, traga a nostalgia daqueles dias de inverno
Brilha mais intenso que o despertar
Dança raios de sol
Corre mares de vendaval
Senta por perto e acalenta os descasos do horizonte
Prepara-se para a despedida da estação
Enquanto o céu chora por aquela pequena
Ela eterniza o oceano de desejos que nem mais um verão é capaz de suprir
Ele segura sua mão e diz que não pretende deixar as folhas sobreporem as lembranças
O mar silencia. A brisa os envolve.
Daqui a quatro estações eles ainda estarão envoltos por esse amor de verão.

terça-feira, novembro 17, 2009

Auto-Pessoa em 3° Retrato

E é bom, de vez em quando, mudar um pouco o que já é óbvio, talvez nem chegue a ser utópico, mas será assim, diferente:

愛  .   友情   .  バランス  .  尊重   .  愛 . 友情  .  バランス . 尊重 .  愛 . 友情  .  バランス  .  尊重


Carioca com os dois pés no Sul. Samba na cabeça, objetivos nos pés e papel e lápis na mão. Ariana com ascendente em escorpião. Fã de antíteses, também de (grandes) tatuagens, por enquanto tem uma no corpo, enquanto que nas idéias... Amante marota de literatura, todas que ousarem existir! Atemporal nos pensamentos; atemporal nas playlists. Estudante de Psicologia; psicóloga inata; concorda com Freud e concorda com Skinner; ama Psicanálise e ama Psicologia Transpessoal. Multivida de segunda a sexta, umas 30:47h/dia, de quebra aos sábados, domingos e feriados. Possui conceitos abstratos acerca do concreto. Fanática por futebol. Vocabulário estranho e "ultrapassado". 20 anos cronológicos; sabe lá Deus quantos mentais. Há quem tache de extrovertida, prefiro acreditar que seja equilibrada (não mentalmente falando). Poeta de chuveiro, porque cantora... Está longe! Adora travesseiros, mas nem tanto dormir. Fotógrafa amadora, amadora de cerejeiras. Irônica de norte a sul. Adora duetos de sal e doce, frio e quente, domingo e segunda. Procura nos livros o que não encontrou nem no universo. Salpica palavras em busca de melodia. Chocólatra nada anônima. Prefere qualquer líquido à refrigerante e não troca nenhum por chá. Escuta Los Hermanos até quando dorme, mas não deixa de lado outras jóias. Aventureira e preocupada apenas com a quantidade de adrenalidade da fórmula, se for pouca, nem pensar! Descobre uma nova característica a cada letra pensada, descobre uma nova paixão a cada verso recitado, afirma seu amor sempre que fecha os olhos e encontra os de seu protagonista. Acredita que todo humano tem um lado meio assim, poeta. E todo poeta ainda guarda um pouco de seu lado humano.

segunda-feira, novembro 16, 2009

Poema de quiseras

Eu deveria escrever mais;
Mais desamores, mais temores, mais ardores.

Eu deveria viver o utópico;
E fazer do dia-a-dia um carnaval.

Eu deveria rir do som das nuvens;
E transformar pétalas de rosa em perfume.

Eu deveria ser poeta.

quinta-feira, novembro 12, 2009

Soneto de um dia chuvoso

Entre lençóis e seus caracóis,
Entre um beijo e um lampejo,
Sinto a beleza de cada um dos sóis
Que brilham durante mais um gotejo

Na desventura da saudade
Me perco em sons de outrora
Seus beijos e inverdades
Abraços correndo contra as horas

Mister fora os verbos cantados
Silenciosa e loucamente
Sagrou-se os versos recitados

Bailara o tango da mocidade
Cantara numa nota de descaso
Tomara os escalpos da liberdade

quinta-feira, novembro 05, 2009

Fabulação da emoção

O dia começou tão cinza naquela segunda-feira de sol à pino que meu coração corria contra o vento e contra qualquer maremoto que parecia que surgiria repentinamente abaixo de seus pés.

O tempo passa, cada micropartícula do nosso arranha-céu transforma-se. Você chegou, confortou-me, brincou de ser meu amigo para depois me fazer entender que não existe mais amor longe de você. Vejo-me perdida em recordações dos fins de tarde outrora idealizados, inebrio-me inteiramente com as lembranças de madrugadas e dias a tocar-te. Pinto novamente aquele quadro de saudade, remonto minha vaidade. Lembro dos seus olhos zelosos aos meus, sinto um leve arrepio a me tomar lentamente, faço a releitura das suas palavras, sinto seu gosto, o calor toma conta do arrepio, já não há mais espaço para fabulação, agora seu amor canta cada emoção. Direciono minha mão levemente inclinada para o peito esquerdo, só para confirmar a presença de meu coração, obstinado a bater desenfreado, fazendo-me acreditar que me deixara. Pego minha ocarina e sussurro entre sopros e suspiros os detalhes daquela nossa odisséia. Dedilho no vento as canções da minha saudade, fecho os olhos e numa ligeira ventarola lhe envio meu vendaval de amor. Desprendo-me das lembranças de um passado que agora me parece tão distante e me vejo tomada por seu groove, sentindo seu doce ardor a percorrer meu pequeno corpo, de norte a sul, tornando-me cônscia da maestria contígua com nossas almas, transcedendo o luar, até mesmo nosso luar singular.

sexta-feira, outubro 30, 2009

Soneto do teu verbo

Canto, respiro, sinto,
Vivo tua vontade
Enquanto te tomo, te dedico
Meu prazer de eternidade

Te encontro em mais um sonho
São anjos no ouvido a sussurrar
"Se um beijo teu eu ganho,
Já não há nada a esperar"

No teu verbo encontro a paz,
Como a brisa, deixa-me mais
Mais uma dose dessa canção

E até ontem era vaidade e nada mais
Hoje tua liberdade faz minha saudade
Amanhã teu verbo musicará minha emoção

quarta-feira, outubro 28, 2009

Doce ardor

Ela abriu os olhos. Ele sorriu, sereno e arrebatador. Ela o envolveu em seu mais misterioso abraço. Ele entregou-se.
Fizeram daquele momento sua eternidade, lenta e loucamente se tomaram em beijos e suspiros. Perderam-se nos calafrios que percorriam seus frágeis corpos. Corpos estes que pareciam feitos de chama, alastrando-se numa proporção avassaladora. Transformando em pólvora a mais leve transpiração. Ela arrebatou seus sentidos no mais suave toque. Fê-lo ir ao ponto mais profundo de sua essência. Ele tomou-a de todo o seu tino. Levou-a aos seus labirintos de doce ardor. Sentiram a aproximação, viveram em mútua adoração. Desejaram viver ali enquanto houvesse amor, e se isso fosse pedir muito, ao menos enquanto houvesse calor.

domingo, outubro 25, 2009

Eu aqui, você aí....

Estava andando por aí, distraída com o céu pontilhado de segredos.
Procurando sempre algo mais em versos vazios...
Querendo ter algo que insistia em não vir...
Até olhar pra frente... E te ver vir...
Com os melhore abraços, os mais doces descasos...
Rápido e fatal, você chegou e me dislarcerou como um vendaval.
Levou pra longe de mim todos os males, os desencaixes.
Fez-me ser sua, antes mesmo de me tocar...
Abraçou-me e me levou à lua... Vivendo o mais doce dos clichês.
Senta aqui bem perto, me conta cada um de seus desejos incertos...
Eu aqui, você aí. Não há porque não estar.


~~~~~*

terça-feira, outubro 20, 2009

Vinte

Vinte estrelas brilham enquanto você me chama.
São dias belos, aqueles que você diz que me ama.
Te vejo aqui, constante, imutável.
Refaço aqueles cálculos inalteráveis...
Reconstituo aquela alucinação,
São vinte anjos me saudando em uma única canção;
Minha respiração alterou-se vinte vezes até você chegar.
Venho e vejo que esse brilho todo vem de seu olhar
Busco mais um dia. Por enquanto são vinte.
Vinte vezes amor, vinte vezes saudade.

segunda-feira, outubro 19, 2009

Protagonista...

E estou aqui, numa madrugada sem fim, recapitulando dias, horas, beijos...
Escolhendo entre aqui e ali, qual sonho que terei.
Decerto há de ser você, meu protagonista. Meu adormecer e meu despertar.
Decerto há de ser você, meu amor. Dono do meu sorriso e brilho no meu olhar.
Correndo dentre furacões e terremotos para cumprir a promessa que te fiz.
Afogando-me em maremotos de saudades logo após o caminhar que se dá...
Para longe de seu amor, seu calor.
E o sono vai embora, a vontade me devora. Inconseqüente, delinquente...
Percorre meus traços, que acabaras de tocar. Engole-me como mais uma dose daquele Whisky barato.
E eu ando vivendo nos seus braços, alimentando-me de seus abraços.
Roubando seus beijos de urgência... Como quem compensa o que faltou até ainda pouco
O relógio da solidão transborda sua revolta, maltratando-nos com suas inverdades.
Faz-nos viver horas em minutos e querer minutos em anos.
Faz-nos querer ser sempre mais... Mais amor, mais desejo, mais anseio.
Faz-nos querer ser simplesmente a gente.
Simples e desconcertante... Como uma lua que insiste em aparecer no meu meio-dia.
Como seu olhar que me surge mais radiante que o sol, à meia noite.
Hoje, amanhã, decerto há de ser você.
Vem, devora-me com suas palavras, desatina-me em saudades de um beijo incompleto.
Faz-me saber que aquelas palavras são leis.
Leis da nossa vida, do nosso caminhar..
Ligo o rádio e escuto nossa música, estudo nosso amor... Você me ganhou. ♥

terça-feira, outubro 13, 2009

Luar Singular

Mais uma noite de risadas, castelinhos de cartas e bossa nova.
E mais uma noite de você. Mais capítulos para o meu sonho.
Busco sorrisos radiantes em rostos opacos. Nada se iguala ao seu.
Busco seu calor em braços frios. As noites tocam notas gélidas pelo meu corpo.
Eu tento aperfeiçoar cada uma das minhas palavras.
O verbo não se iguala aos calafrios que percorrem minha superfície.
Tomando-o em chamas, fazendo-me transmutar entre o céu e o mar.
Intensifico cada um dos meus sorrisos e beijos,
Esperando que eles demonstrem o que as palavras deixam faltar
Transformando o mármore em coração pulsante.
E é assim, uma eterna corrida contra os meus próprios sentimentos,
Sentimentos desenfreados, descasados.
Sob o teto de sol ou a música do silêncio, que me toma, me envolve, me desatina.
Venho e te envolvo, te transporto entre aqui, ali e lugar nenhum.
Te perco nos devaneios, te reencontro no arfar mais profundo de um olhar
Uno-me à sua pele, moldando um abraço, tomando sua forma,
Sentindo seu aroma... Busco meu astrolábio, você sumiu no horizonte,
O céu não é suficiente para te encontrar.
De repente te sinto dentro de mim, tudo faz sentido.
Não preciso fazer achar, se você já está.
Vem, e fica aqui. Fica em mim, fica comigo.
Me faz protagonista de seus anseios,
Me diz que posso dormir e te encontrar.
Faz-me sentir os mais inesperados toques, me toma, me assume. Faz de mim sua.
Se perde comigo em meus loucos devaneios, me ajuda a percorrer essa trilha.
Toma o chão como pluma e pula comigo em direção às nuvens.
Brinca comigo de desenhar formatos em algodão
Se aventura com o jogo da saudade, esquece a tristeza da vaidade.
Canta meu sorriso, dedilha meu abraço, fotografa minha respiração...
Doce e lenta dentro das palavras que te soprei.
Segura minha mão, bem forte, sincronizando o samba do nosso coração.
Cala até o som da mais suave melodia, deixa sintonizar
Guarda o suspiro que deixei fugir...
Ele guarda os segredos daquela dança não ensaiada, desajeitada.
Enquanto olho pros raios de sol e busco aquele luar...
Nosso luar singular. ♥

sexta-feira, outubro 09, 2009

Tempestade

Pensamentos às três da manhã, de onde vêm?
Corro e busco estas respostas... Um caminho que não finda;
Uma busca que não tem um final feliz.
Cada pergunta gera outra pergunta e de repente me vejo dentro de uma tempestade;
Tem como fugir? Não, não adiantou, não sei nadar.
Também parei e desisti de tentar, a onda bateu e me fez lembrar..
Lembrar que eu que criei a tempestade, eu que devo dar um fim nela, não ela em mim.

quarta-feira, outubro 07, 2009

Amor de Estação

Estou apaixonada por um amor de rodoviária... Amor com hora marcada; amor com voz cantada.
Paixão desatinada, abraçando sempre a mesma brisa, sorrindo sempre para a mesma paisagem
Correndo sempre para o mesmo lugar... Lá irei te encontrar.
Amor de rua; vida bandida. Amor desaforado, desmedido.
Ele vem e brinca com meus cabelos, corre e canta minha saudade.
Enaltece minhas verdades. Se esconde, irradia. Acha minha encenação.
Corre e se esconde entre a multidão. Ah, esse amor de estação!
Esperando sempre com a mesma ansiedade, sei que és o mestre da minha vaidade.
Vem! Me fez brincar com os versos da imortalidade. Faz-me querer esse amor de liberdade.
Mostra-me seus truques, seus mistérios. Faz de mim donzela cortejada.
Deixa-me riscar as páginas do meu caderno, enquanto canto seu olhar.
Dê-me a mão para que eu te ajude a mergulhar nas minhas palavras versadas.
Abre meu livro na página marcada, lê a memória que te dediquei
Repete essa música que já vou descer. Antes, preciso te dizer:
_ Até a próxima estação!

segunda-feira, outubro 05, 2009

Epicentro


_ Bom dia! - Susurrei para meu eu refletido no espelho.
Àquela hora da manhã ninguém além de mim seria capaz de sentir meus segredos transformados em respiração.
Recostei-me novamente sobre o travesseiro a fim de encontrar perdidos os sonhos dessa madrugada.
_ Ah, que saudades dos primeiros minutos da minha noite. - Suspirei.
Levantei-me e chequei o horário. 5:32am. Achei melhor retornar para meus devaneios, fechei os olhos e os apertei, sinceramente esperava lembrar dos diálogos metafóricos.
Passaram-se alguns minutos e senti minha pele arrepiar suavemente, estranhei e vagarosamente abri um dos meus olhos, formando uma careta decerto engraçada, não havia nem ao menos brisa entre aquelas quatro paredes.
Percebi que meu eu refletido me olhava fixamente, com uma expressão dura, fria... Me obrigava a levantar e encarar os fatos.
O sonho acabou, eu acordei, não me restam mais os diálogos moldados como eu quero.
_ Não é justo! - Relutei comigo mesma...
Virei de costas para o espelho, assim eu não haveria de incomodar a mim.
Continuei cantarolando baixinho as canções que outrora formaram uma trilha sonora... Hoje são apenas músicas da minha lista favorita.
Lembrei-me daquele trecho em especial. Aquele pequeno conjunto de palavras que por trás esconde uma vida inteirinha de afetos, inseguranças, anseios e amores.
Exatamente aí que o inevitável aconteceu, senti minhas pálpebras pesarem e, contra minha vontade, se fecharem como que eternamente.
Logo me vi no meu mundo de fantasias e doces ilusões.
Vi alguém andando em minha direção, inclinei levemente meu pescoço para o lado, acreditando ser um gesto que me faria ter melhor perspectiva de visão. Pura ilusão!
A pessoa se aproximava e eu desesperava-me. Não conseguia reconhecer!
Chegava cada vez mais perto e senti meus pés recuarem inconscientemente.
_ Olá. - Disse a pessoa sem face, numa voz suave e viciante.
_ O... lá. - Balbuciei uma resposta.
Não era possível! Eu conseguia ver a pessoa diante de mim, a menos de 2m agora, mas não conseguia enxergar-lhe a face, não conseguia distinguir a cor de seus olhos, tampouco ver seus traços.
Mas sentia seus olhos nos meus com a intensidade de todos os maremotos já relatados, inundando-me, prendendo-me a respiração, fazendo afogar-me. Foi então que eu identifiquei o motivo desse abalo sísmico.
Não poderia ser outro! Senão eu ter chorado oceanos aquela noite ao encostar no travesseiro, foi ter chorado tanto a ponto de achar que haveria de secar toda a água do mundo, a ponto de transformar meu coração no epicentro daquele maremoto.
Não entendo ainda como havia uma lágrima a rolar quando meu despertador tocou mais uma vez, lembrando-me que a hora estava a passar... Lembrando-me que mais uma vez eu ficaria sem minhas respostas, que eu deveria viver o mundo real.
Inconformada, virei-me novamente de frente para o espelho e declarei:
_ Você venceu. Estou indo encarar os fatos.
Percebi um leve sorriso a se formar no canto dos meus lábios, nos meus lábios refletidos, os que eu sinto estavam inundados...

domingo, outubro 04, 2009

Próximo amanhecer...

Hoje eu tive que correr atrás das palavras. Pareciam que me fugiam aos dedos como pequenos grãos de areia seca... Revirei meus pensamentos e te encontrei. Lembrei daquelas tardes que estão eternizadas em cada abraço e em cada boa noite, a cada dia mais especial. Olhei ao meu redor e dentre tantas pessoas, não encontrei um olhar sequer que me fizesse brilhar. Corri dentro do vento, me vi nas nuvens, brinquei de modelá-las. Peguei-me beijando a brisa e cantarolando fotografias. Descobri momentos que se transformaram em fotos e me perdi em meio a você. Cada palavra que transmuta a lágrima que corre infindavelmente pelo meu corpo há de tornar-se música aos meus ouvidos, músicas de uma nota, músicas sem melodia, músicas da alma. A cada leve degustação do meu íntimo Jack encontro aquelas noites sem luar. De repente a cena muda e me vejo debaixo do pôr-do-sol. Me vejo com os pés sujos de areia e sinto um calor apenas na mão esquerda... Olho para o lado e te sinto ali... A escuridão tomou o céu rapidamente, mais rápido do que meu olhar conseguiu te alcançar, mais uma vez senti seu gosto, beijei seus lábios sedentos, mas não consegui encontrar o brilho de seu olhar. Mais uma vez espero te encontrar no próximo amanhecer.

sexta-feira, outubro 02, 2009

Sentido Desconhecido...

E é mais uma sexta-feira corriqueira em sua vida...  Mais uma madrugada em claro, mais um boa noite especial. Ela não pôde perceber quando as coisas aconteceram. Não conseguiu entender o porquê daquele vermelho ser mais vivo... Enquanto buscava a resposta, derramou o copo de café em cima de suas palavras. Mais uma página da vida marcada. Marcada não apenas pelo tom amarronzado do líquido derramado... Marcada pelo brilho daquele olhar. Ela enxergava além dos fatos, via e revia seus anos a fio em busca de algo que nem sabia o que era. Via-se imersa em palavras que não encontrava o significado... Abria o dicionário e não as encontrava. Começou a procurar nos verbetes da vida. Fez e refez a busca de A a Z. Percorreu os tempos verbais e por fim se descobriu em seu ponto de partida. Paralisada e implacável. Devorava compulsivamente as músicas que tocavam pela casa, aquelas que fazem todo o sentido, embora o sentido seja desconhecido. Descobria-se encantada com a escuridão, mesmo debaixo do sol. Encontrava em mais uma madrugada como essa a resposta de pequenas coisas. Coisas essas que nunca teve nem ao menos a pretensão de saber existir.


Quisera eu ter distrações como as que aquela pequena moça teve.
Quisera eu buscar dentro de mim forças para justificar aquele Adeus.

terça-feira, setembro 29, 2009

Caça e caçador nos segredos da babilônia.



Abraçava-a, beijava-a, tomava-a nos braços com a maestria de quem toma um violino, delicado e implacável. Sabia a hora de lhe falar manso e a hora de prosear crônicas da vida... Sabia que era ao mesmo tempo caça e caçador. Buscava dentro de si mais uma maneira de fazê-la gritar, de fazê-la sorrir. E obtinha sucesso. Quão breve era sua abordagem, era também o efeito que a mesma percorria nos pequenos e frágeis poros da pele pálida daquela pequena moça... Aparentemente delicada e inofensiva.

Ela mais uma vez lançava-lhe seu olhar arrebatador e o fazia paralisar, sem nem ao menos tocá-lo. O fazia conhecer os segredos da babilônia, dominando-o lentamente, sem deixá-lo se dar conta. Fazia-o se sentir caça e caçador... Quando era apenas caça. Conversavam sobre as leis da física e do universo. Inventavam teorias. Percebia suas tentativas de surpreendê-la, se não fosse tão clichê tentarem isso, surtiria algum efeito. Sentia e vivia com ardor cada um dos braços, abraços, toques e beijos que dele recebia... Mas ainda era insuficiente. Não era como deitar debaixo de um céu pontilhado e narrar as histórias daqueles pequenos astros. Seu corpo se satisfazia, mas seu coração estava incandescente por amor. Os olhares que ela lhe lançava eram desesperados por uma leve percepção do seu querer.


Ele entendia esses olhares como uma resposta de satisfação e prazer. Ele queria cantar-lhe as canções que outrora sussurrara para seus fones de ouvido, queria fazê-la enxergar que merecia as sete maravilhas do mundo. Queria deitá-la debaixo de uma cerejeira num final de tarde e após o crepúsculo, contar-lhe histórias de sua meninice. Queria aperta-lhe a mão e fazê-la sentir seu coração... Queria mostrá-la que há muito seus motivos de ali estarem havia mudado, que há muito tinha porquê voltar noite após noite.

Ela sabia que os motivos que o traziam eram sempre os mesmos, sempre à mesma hora. Nunca mudaria. Assim como nunca mudara até então. Sacudiu então a cabeça a fim de afastar as ilusões que os olhares dele a traziam. Fechou os olhos, para que não passasse mais luz por suas pupilas, deleitou-se ao lembrar de tantas esperanças anteriormente frustradas. Lembrou de suas ilusões e de suas alucinações, com prazer matou a luzinha que emergia no meio de sua escuridão.

Ele planejava como iria abordá-la esta noite, após adentrar aquela porta mais uma vez e, como em todas as outras, ir em sua direção... Perguntava-se se conseguiria, ao menos hoje, fazê-la acreditar que irá tirá-la daquele lugar.

segunda-feira, setembro 28, 2009

Eu, você, num mar sem fim.

Hoje corri sem fim pela areia e vi o mar suspirar.
Hoje cantei ao vento meus pensamentos e vi as montanhas a me acalmar...
Hoje procurei diversas vezes por seus olhares ternos e só encontrei o vazio da estrada..
Corri no asfalto quente até ralar meus joelhos... E não consegui te alcançar...

Até que sentei e suspirei e o vento te trouxe até mim...

Olhei para o lado e fiquei esperando por sua voz. Não escutei.
Sua frase mais profunda foi o abraço que me deu...
Mantive meus olhos fechados a fim de eternizar aquele momento.
Vivo sua alma... Toda vez que sentí-la, vou te contar... Baixinho, sussurrando em seu ouvido, como diria o poeta, nossos segredos de liquidificador.
Hoje resolvi escutar os retratos da minha vida...
Nos vi conversando e correndo por debaixo daquelas árvores... Vi nossas sombras refletidas no chão áspero... Mas você sempre estava ali, era o que dava sentido.
Agora apenas te tenho por meio de palavras, você me inspira.
Você substitui o lápis e a necessidade de pensar em frases e palavras, só te manter no pensamento que o discurso sai... Só te sentir que  prosa vira poesia.
Tive vontade de correr e dançar contigo o tango da saudade.
Tive vontade de sentar e só te ter ali do lado.
Tenho vontade de viver no seu abraço.
Corro, vivo, luto contra o sono e o relógio que insiste em correr a fim de te ter perto mais um pouco.
A nostalgia se tornou meu divã, louca e sedenta dos meus desabafos, casos e acasos.
E eu na eterna busca do seu olhar...
Já perdi as contas de quantas vezes comecei a discar seu número e desisti no último dígito.
Reluto para assumir que além de fazer parte da minha vida, agora você faz parte de mim.
Mas assumo que hoje, mais do que nunca, minha maior inspiração é você. Que assim seja.

sexta-feira, setembro 25, 2009

... com gelo, por favor.

Estou vivendo a era do blues...
Estou me alimentando de nostalgia...
Estou procurando nos dicionários uma palavra apenas..
Para matar o tempo, bebi uma dose de divagação.
Para correr contra o relógio, lembrei de você...
Para ser eu, transformei-me em música e letra.
Abro a cada instante uma das páginas amareladas do livro que guardam minhas recordações de um passado que se reinstalou em mim, que toma conta do meu presente... Vejo e revejo fotos enquanto ouço músicas das baladinhas dos 16. Lembro das manhãs de verão, fingindo prestar atenção à aula... Enquanto meu pensamento já tinha morada. Vejo meus pensamentos se repetirem em formatos e palavras diferenciadas....
Anseio por vozes, desespero-me por sorrisos. No final das contas apenas sou um bote em meio ao oceano.
Começo textos sem sentido, escrevo sem saber o quê, corro contra as palavras para não arrepender-me.
Quem és tu, grande pequeno ser? Diga-me para que eu possa saber quem sou.
Cuide de suas plantações, suas flores são os organismos mais importantes que você pode ter. Não sabe porquê? Um dia você irá entender... Caso não entenda, alguma raposa que encontre pelo caminho explicará-lhe... Enquanto isso, aproveite a paisagem. Mostre-me para que veio...
Mostre-me seu groove, dance no meu ritmo... Só não esqueça minha dose de Johnnie...

... com gelo, por favor.

quarta-feira, setembro 23, 2009

So close, so far...

Já passa de meia noite... mais um plim plim na televisão ligada para os vultos do silêncio...
Me pego trocando mensagens que visam descobrir respostas sem explicação... Pelo menos para os livros.
Como um alguém que nem sempre esteve tão perto nunca conseguiu estar distante? De onde será que vem esse estar longe, mas estar perto?
Novamente me pego imersa em questões sem pretensão de respostas... Mais uma vez me pego com respostas que nunca tiveram enunciado... Mas você está aí, não preciso narrar capítulos da vida para você estar a par de mim, basta te tocar... Ou então apenas te sentir. Te sentir vivo e presente, onde quer que seja, já me engrandece.
Coloco uma música no último volume para tentar lembrar das suas bandinhas de rock'n'roll, o vizinho me pede para abaixar. É aí que eu descubro que não preciso de motivos e nem de razões para te lembrar, para saber que mesmo longe, você ainda está aqui. Sempre estará. Não há maneira de esconder isso.
Pego meu skate e lembro das suas peripécias na porta da escola. Lembro das tardes dedicadas aos jogos extra-disciplinares, lembro dos dias que você esteve tão perto.
Hoje já não tem porquê e nem como, agora você faz parte de mim, faz parte da minha respiração e percebo que não precisarei ficar te sentindo mais tão longe.
Agora seremos feito de música e emoção, silêncio e respiração, abraço e pôr-do-sol.

Só enquanto eu viver, vou me lembrar de você. Um beijo na testa.



terça-feira, setembro 22, 2009

Nem 8, nem 80.

Hoje foi um dia de casos e acasos, de eiras e beiras...
Despertei antes dos meus olhos se abrirem... O ar chegou aos meus pulmões antes que eu respirasse... Você apareceu na minha frente antes que eu pudesse dizer 'oi'.
Antes mesmo que o sol desse tchau, minha lágrima secou. Antes mesmo que eu pudesse percebê-la, você já tinha voltado.
Agora estou aqui, com meu 8° copo de café do dia, escrevendo palavras com minha respiração...
Procurando razão nos trechos da emoção... Vivendo um rabisco que não tem explicação. Procuro olhares e encontro sorrisos... Desespero-me por sorrisos e encontro pegadas na areia.
Mais um fim de tarde com meu caderno manchado de café, mais uma noite que repete várias cenas de um filme romântico. Mais e mais lembranças que eu insisto em apagar.
Hoje resolvi dar "OIs" que haviam se tornado "Adeus"... Hoje resolvi voltar a ter o que me move, hoje resolvi fazer a montanha vir até mim. Resolvi pular de pára-quedas sem sair do meu sofá. Hoje eu só quero cantar e gritar... Me divertir e exclamar. Amanhã eu canto e interrogo.
Resolvi ser 'eu' em poucas palavras, resolvi me resumir em 'não' e 'sim'. E nesse fim de tarde, eu quero ter um amanhecer! Minhas noites frias ficaram na caixa enterrada no quintal... Hoje e amanhã eu quero fazer viver. Quero fazer sorrir, seja eu ou você.

E hoje não foi nem 8 e nem 80. Hoje foi mais um dia de eu, hoje foi mais um dia de você.



Um beijo na testa. ;*

sábado, setembro 12, 2009

Guardar tudo numa caixa...

Hoje eu resolvi guardar tudo numa caixa. Pegar tudo que tenta me fazer mal e deixar lá dentro até ser esquecido, peguei a energia negativa que emana do mundo, joguei sem nem menos pensar que poderia ir alguma princípio de energia positiva. Fui pegando todas as pendências e lá deixei... Uma vida pendente é uma vida que anda para trás. Deixei também as lágrimas que estavam soldadas no meu coração, pouco a pouco fui conseguindo desobstruir o caminho. Agora o meu coração está limpo de mágoas. Inclusive deixei todas as tristezas que me derrubaram durante um tempo. Agora a cabeça está erguida pra valer.

Essa caixa eu enterrei no quintal, embaixo daquela antiga cerejeira, onde tantas e tantas vezes me sentei para sentir a brisa tocar meu rosto enquanto alguém cantava uma canção baixinha em meu ouvido. Busquei cada uma dessas lembranças e após filtrá-las, enterrei junto as que me traziam momentos de desamparo.


Após retornar para meu closet de lembranças e sentimentos, pude passar a organizar a minha caixa vigente, a caixa onde ficarão as coisas que eu quero e que me arrancam singelos ou escancarados sorrisos. Guardei flores secas pelo tempo, sorriros tímidos por frases inesperadas, gargalhadas arrancadas no meio de uma conversa casual, bilhetinhos de correio-secreto, canetas brilhosas que outrora escreveram cartões, fotos de lugares e momentos eternos, papéis amassados de viagens de ônibus, livros que se tornaram parte de mim, tickets de mil e uma coisas, perfumes cujos aromas não se esquecem, sonhos que transformam e modificam meu futuro, surpresas que poderiam se repetir eternamente, baralhos das noites em claro sem nada para fazer, lápis de cor com os quais pintei os sete mares, clips que prendem minhas lembranças, alfinentes segurando partes customizadas de roupas, cartas de namoradinhos do primário, cartas de amigos distantes, lenços que secaram lágrimas, anéis que significaram toda uma vida, botões que se soltaram, acessórios de toda uma surpresa montada em dias, doces de halloween, documentos falsificados para as noitadas antes dos 18, ímãs que pregavam fotos nos porta-retratos, passagens de erros e acertos, sabonetes colecionados ao longo de estadias e moradas, elásticos separadores de momentos, adesivos coloridos que retraram meu humor, remédios que me acompanham por toda a vida, batons vermelhos que me fazem mudar de órbita, óculos retrô que me leva para a época do blues, flyers que nunca serão usados, selos de correspondências que esperei ao lado da caixa de correio, tesouras que arrancaram partes do meu cabelo, chaves que nem lembro o que abrem, desejos de um mundo melhor, dados que ganhei nos melhores jogos que participei, fotos que retratam 20 anos, fichas de guitar hero e afins, envelopes coloridos de uma carta que nunca enviei, promessas feitas para o espelho no meio da madrugada, apontadores assoprados num momento de desespero, cd's de toda uma diversidade musical, álbums de fotos bonitas e que devem ser esquecidas, laços de amizade, amor....


Já essa caixa se manterá com a tampa aberta, não tenho motivos para fechá-la.

quinta-feira, setembro 10, 2009

Make me feel

Make me feel... Uso e desuso essa frase, respiro e vivencio cada uma de suas letras, cada um de seus sentidos. Sentir... O que busco? Qual a sensação que tanto rodeio meu ser para alcançar?
Liberdade? Extroversão? Felicidade? Amor? Preenchimento?...
Cada um traz consigo uma essência, um leve aroma que é encantador... Mas qual será o que realmente minha alma anseia? Será uma batida com muito gelo de todas as sensações que busco? Vivo momento após momento em busca de uma pequena palavra que corresponda a pelo menos uma das minhas dúvidas que parecem não sair do lugar... Enquanto carrego nos bolsos do meu jeans todas as respostas anotadas em pequenos pedaços de papel amassado e dobrado em quatro...
Me lembro dos dias em que pulava de um lado para o outro e no meio de uma diversão corriqueira da infância, o mundo tinha todas as respostas que eu precisava. Hoje após segundos, minutos e horas buscando, nada consigo encontrar. Quando abro os olhos pela manhã... Lá estão! Respostas... Estico os braços rapidamente para alcança-las... Tarde demais, minhas mãos ficam estendidas no ar. Para onde foram? Eu consegui recolher pequenos trechos, rapidamente os anoto em papéis que farão companhia aos já deteriorados pelo jeans usado. E mais alguns dias se passarão e as novas respostas se tornarão antigas e mais e mais vezes me depararei com meus braços estendidos à minha frente. Até quando buscarei algo que só existe na minha imaginação? Rá. Ao pronunciar tais palavras fora do meu consciênte já pude perceber que as coisas que eu buscava e que apenas viviam em minha imaginação já se esvairam por ai... Hoje mantenho as questões com enunciados reias. Vivo e respiro as dores do mundo. Cresço e conheço os trechos que viram papéis do jeans e em seguida parte dos meus arquivos da memória.

Hoje eu só quero encostar a cabeça no travesseiro e obter novas respostas... E amanhã? Amanhã meu jeans terá novos papéis para hospedar.

terça-feira, setembro 08, 2009

Freedom


Liberdade. Arrepio; choque; alívio; ânimo; desespero.
Difícil esquadrinhar a reação da tal sonhada liberdade.
Complicado entender cada uma de suas letras, cada uma de suas sílabas, todo o seu significado.
Desesperador tentar imaginar o poder da liberdade.
Primeiro desejo, último entendimento alcançado.
O que é ser livre? É poder ir e vir? É tomar decisões acerca de horários, companhias e bebidas?
Ser livre é mandar no próprio nariz e não precisar ouvir 'não' de ninguém?
Ser livre acarreta somente a conquistas dos desejos tão almejados?.. Ser livre acarreta também a conquista de problemas, responsabilidades e dívidas.
Boa parte da nossa destruíção e das dores do mundo são fruto de pessoas completamente livres e "conscientes" de seus atos. Será que realmente estamos preparados para usufruir de total liberdade? Liberdade é estado, é característica ou é droga tóxica?
Quanto mais usamos de liberdade, menos nos satisfazemos... Quanto mais nos privamos, mais enlouquecemos. Qual a medida exata então? Dois dedos e muito gelo? Ou uma dose com limão e sal? Seja qual for, experimente.
Viva, grite, corra, seja livre, nem que seja só agora, nem que seja só sobre o travesseiro.
Respire, use e abuse de liberdade, mas só a leve para fora de seu quarto se souber dosá-la, se souber a hora de ser livre, se souber o que é ser livre.

terça-feira, agosto 04, 2009

Atemporal

Eu sempre me achei fora do tempo, à frente do tempo, às vezes atrasada no tempo.
Via as coisas acontecerem e não conseguia acompanhar...
Muitas outras vezes eu estava fazendo algo acontecer, mas era a vida não conseguia me acompanhar...

Questionei-me e não conseguia entender essa questão tempo.
Criava e recriava explicações que suprissem essa questão dentro de mim...
Tentava ser mais uma menina da minha idade, mas não conseguia me colocar nos contextos.
Buscava resultados em situações que não tinham nem ao menos enunciado...
Vivia a época dos anos dourados e logo em seguida estava na era espacial.
Nem eu conseguia me acompanhar.
Isso me martirizou durante todo o percurso disso que denominam vida...

Li livros aos 14 anos que pessoas de 30 nem sonham existir...
Entendi as leis do universo, não as que aprendemos na escola, as que aprendemos na vida.
Criei objetivos e os realizei antes mesmo de conseguir entendê-los.
Escrevi poesia denominada como muito profunda para uma criança da minha idade, foi ai que percebi que precisava me ajustar, precisava viver a vida no tempo normal...
Viver a vida no tempo pre-determinado...

Até que cheguei a conclusão de que sou atemporal e só.
O tempo para mim simplesmente não existe...
Pouco a pouco eu vou descobrindo tudo que gosto e que não gosto e vou montando o meu tempo.

quinta-feira, julho 30, 2009

Labirinto de porquês

Escrevo palavras clichês, em contextos inesperados.
Vivo sorrisos inesperados em contextos clichês.
Sonho e acordo com o mesmo anseio.
Esqueço dos meus sonhos.
Tento fazer o relógio andar para trás em busca de respostas do tempo.
Me perco ainda mais nos ponteiros.
Vivo em busca de um "porquê".
Encontro outros "por quê?".
Penso em saídas e encontro outros caminhos no labirinto.
Vivo numa busca desenfreada... Que sempre me leva ao começo outra vez.

terça-feira, julho 28, 2009

28/07/2009

Vejo as luzes da cidade se transformarem em borrões no meio da noite.
Vejo as pessoas passando pela rua alheia aos problemas do mundo, perdidas em seus próprios devaneios.
Vejo pessoas pronunciarem frases com poderes auto-destrutivos sem se darem conta.
Vejo os seus olhos se fechando lentamente enquanto me fitam.

É estranho olhar ao redor, ver tanto caos e ainda assim conseguir sorrir.
Sorrisos vazios, sorrisos cobertos de armadilhas. Sorrisos inocentes.

Olho meus olhares, respiro meus ares, sinto meu perfume, grito minha voz.
Corro ao redor do mundo e não saio do lugar. Fantasio os sete mundos em um segundo.
Durmo e acordo sem sonhar. Vivo sem planejar.

Sou sem perceber.

quinta-feira, julho 23, 2009

6:37am

06:37am. O ponteiro já deu 3600 voltas no relógio desde a hora que eu acordei.
Pensei e revisei meus sonhos. Papel em branco.

Lembrei da noite anterior. Inventei meus sonhos.
Corri contra o vento e contra a saudade. Eles me alcançaram.
O vento balança meus cabelos e traz um arrepio na nuca.
A saudade arrepia todo o restante do meu pequeno ser.

Quero poder chegar pelo menos antes do pôr-do-sol.
Enquanto o dia ainda é dia eu me permito sonhar.
Depois aparece um outro papel em branco...
E novas necessidades de sonhar.

E as noites são assim, um enorme livro com páginas em branco.
E as manhãs...

Viva você.

É impressionante isso que chamamos de humor, de sentimento, tudo isso que cerca nosso corpo em forma de energia, toda a negatividade ou positividade.
É incrível você conseguir, no mesmo dia, acordar da pior maneira possível e ir dormir com o sorriso oi-sou-a-pessoa-mais-feliz-do-mundo no rosto.
É difícil descrever emoções, sensações e percepções. É complicado se ver de fora. Exteriorização. Será que todos estamos preparados para encará-la? Assim, o que somos, na verdade nua e crua?
Seja como for, seja o melhor que você possa ser. Mas pense. Seja você, mas seja você preservando o você.
Viva você na terceira pessoa de vez em quando, se permita. Corra, brinque, dance, sorria, chore, se for preciso, mas viva. Viva você na primeira pessoa do plural, ame todo o amor dentro de você. Mas ame principalmente a primeira pessoa do singular. Você é o seu agente, preserve-se.

segunda-feira, julho 20, 2009

Recomeçar


Recomeçar.
Mais um dia, mais um engarrafamento de segunda-feira, mais uma série de bom-dias, mais um blog.
Não sei quando e nem porquê, simplesmente comecei a escrever.
Penso e vivo letras, respiro palavras. Transformo os momentos em poesia.
De repente, quando menos se esperava, me voltou essa vontade de compartilhar, de viver e escrever. Escrever é viver.
Vivo ao lado de um bloquinho de papel, ao menor insight já me pego correndo contra o tempo para registrar cada palavra. Muitas se vão, muitas se transformam. As palavras do coração não saem daqui.


Mais uma noite de segunda-feira, mais um dia que eu queria que não terminasse, mais um dia que eu desejei não ter vivido.
Enfim, mais um dia de palavras, prosa e poesia.