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sexta-feira, outubro 29, 2010

Refém

Em anil se escrevia os sons que teu beijo me deixaram...
Pelas notas musicais se vivia o perfume onde teu olhar me findara...
As marcas dos teus dedos em meus cabelos, lembranças vivas
Teu sonho agora em mim, irrevogável... Ardente.

Teus olhos de calmaria transtornando minha saudade,
Os dedos imponentes me faltando ao adormecer...
O mais singelo sussurrar, me despertando arrebatador
Fazer do teu boa noite o meu café da manhã.

Te despertar, ver em teus olhos a mim, te correr...
Me refazer em ti, pêlos bagunçados, pelo assoalho
Olhar ao redor, paredes desconhecidas, histórias minhas
Olhar pra ti, sonho imprevisível, ansiedade senil...

Reviver cada sílaba de uma palavra não dita...
Ocultar ao mundo o que sou, te fazer refém dos meus dias
Sorrir o mais sério sorriso, olhos vendados presos a ti.
Te entregar à noite, me prender aos sons, acordar mais uma vez...

E não te encontrar.

segunda-feira, outubro 25, 2010

Iniciais


Minhas entrelinhas guardam teu nome,
Tuas iniciais marcadas em mim,
Feito tatuagem, lembranças.

As fotos, músicas, evidências da saudade,
Aquela página marcada por ti...
Os versos já decorados por mim.

Ruas sem cor, pintadas com tua aquarela,
Noites aquecidas na tua respiração,
O bom dia contornado no teu semblante.

Todas as paredes guardam teus sussurros,
Testemunham uma frase de amor...
Se perdem a sonhar o nosso sonho

Sigo te buscando nos risos soltos pelo ar,
Em palavras que escorrem por mim;
E no perfume que agora mora aqui...

quarta-feira, outubro 20, 2010

Dia do Poeta

Silenciar os significados inventados num olhar,
Reinventar os toques vividos naquele sonho real,
Fechar os olhos e sentir a saudade escorrer,
Acordar e sorrir saudoso os versos que se viveu.

Enxergar as cores vivas em um céu de véu cinza,
Beijar as nuvens que invadem os campos,
Procurar o ponto final que se perdeu da história,
Trocar as músicas pelas poesias que o beijo exala,

Sonhar o mesmo sonho já desperto
Brincar de desfazer os mistérios e recomeçá-los.
Olhar, sorrir, amar... Viver e ser...

Poeta de papel, poeta de bar
Poeta da vida e dos sonhos.
Poeta das minhas reticências...



#DiaDoPoeta ~

quinta-feira, outubro 07, 2010

Adeus ao poeta

Mataram meu poeta favorito,
Dos teus versos, me restaram a lembrança.

Levaram tuas esquinas em preto-e-branco,
Mandaram cancelar aquele pôr-do-sol infinito...
E eu fiquei com fragmentos...

O levaram assim, sem aviso,
sem nem uma nota de despedida..
E eu chorei quando não o encontrei

Rasgaram suas linhas,
transformaram em miragem seus círculos
E eu fiquei com as letras que mais ninguém lia.

Me deixaram um bilhete embaixo do assoalho,
Daqueles que tu leva dias -meses- para encontrar...
E o bilhete era uma fotografia...

Juntaram teus poemas, juntaram teus repentes,
E fizeram dos teus escritos cinzas.
E eu buscando um arco-íris...

Te deixei notas em uma partitura rasgada...
Cantavam nossa história, a saudade era aguda.
E eu me declarei no refrão....

Mas meu poeta favorito está morto e não poderá mais me ler
Resta-me tua nuvem que encorpa meu verso favorito..
Resta-me o gosto do beijo...