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quinta-feira, julho 08, 2010

Dueto #2

P: Entre o silêncio dessas paredes brancas...

N: Entre as brancas formas que se instalam nesse brando silêncio...

P: Eu me peguei escutando suas gargalhadas e vislumbrando o brilho do teu olhar

N: Enquanto desenhava as lembranças de um sonho que se dissipou em uma fria manhã

P: Quando você me disse adeus pra nunca mais voltar...

N: Fazendo de todo o encanto meros rastros de artifício

P: E por mais que tente me esquecer de tuas cores e formas, o destino me leva até você

N: Fazendo com que meus pés fluam ininterruptamente até os teus, como se teu rio fosse afluente do meu rio.

P: Como se o meu respirar dependesse de ti, como se meu viver dependesse de te ver sorrir...

N: E como se a cada noite sem te ter aqui, meu castelo de cartas fosse caindo... Ás após ás

P: E em meio a este turbilhão de pensamentos e sonhos, a única coisa que se mantém é a sua gargalhada... Repleta das cores que tenho querido não ver

N: Fazendo minha paleta ter os tons mais singelos, constratando com os meus atos mais marotos... Que eu reinvento a cada toque, ainda que tais toques agora se limitem a minhas recordações

P: E em meio a tantas vontades e desejos, eu me pergunto:

N: Que sonho é este em que você reinventa meus desejos, meus anseios?

P: Como pode, o simples fato de ver suas nuances nas minhas alvas paredes, me levarem a não ver mais nada neste mundo além do meu desejo de te ter perto de mim?

N: Reverberando aquelas palavras sussurradas no meu ouvido, logo após ter arrepiado-me a nuca... Intensificando o desejo de ter perto de mim, em mim... Para mim.

P: Comigo pra sempre, no meu branco-alvo quarto vazio. Frio. Silêncioso. Mas tenho certeza que se você estivesse aqui, todos os fantasmas da tuas gargalhadas não divididas comigo desapareceriam... Se ao menos soubesse que ainda pensas em mim, prometeria ser tua, toda tua... Inexoravelmente tua...

N: Desfazendo todos os enlaces das madrugadas de solidão que me levaram a estar acompanhadamente-só. Relembraria as tardes de verão em que o sol era apenas figurante, pois teus olhos verde-intensos me levavam para um mundo que era imensurávelmente distante de toda e qualquer lágrima que hoje é protagonista da minha vida.

P: Seria nós dois. Seríamos um. E isso, bastaria.

~ *

Segundo dueto que publico aqui e com muita honra que mais uma vez dividi versos com a Pri (autora do blog Estúpido Grito). Deixo o convite para quem quiser seguir o exemplo e me convocar para duetos, vou com todo o gosto! rs =) #beijosbeijos

7 comentários:

  1. ai, ai... impressionante como meu ♥ vazio e o seu ♥ cheio consegue se unir e se tornar um ♥ transbordante. esse dueto é contra as leis da física, as leis da matemática...

    resumindo: ESTE POST É FORA DA LEI.
    ( _ + ♥ = ♥³)

    obrigada pela honra de poder me sintonizar na tua frequência.

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  2. Siiiiiiiiiiim, Pri! Esse dueto-post ficou a coisa MAIS fora de série!!! (LLL) Eu fiquei lendo e relendo... Aaaah, perfeito, querida!

    Obrigada a você pela honra que me dá em dividir poesia comigo!

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  3. Lindo!

    Parabéns, meninas profundas! Hehe
    Beijo.

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  4. Boa ideia.

    Só discordo do final, dois nunca são um para mim.

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  5. O abraço tinha dono, você me compreende hahaha. Mas de modo algum eu recusaria um abraço seu. *-*
    Se eu tivesse verba, menos preocupações e um inglês fluente eu bem viajava, assim que tudo parecesse calmo, assim que houvesse a oportunidade. Mas são muitas condições contrárias, né. Algum dia eu vou ganhar mais e meu inglês melhorará um bocadinho pelo menos.

    Eu queria perguntar... Como funciona este dueto? Achei divertido pensar de forma que cada uma escreva na sua vez independente do que vier depois. É tipo não saber o que a outra pessoa vai escrever e a partir daquilo você ir completando as idéias de maneira que nunca poderia ser igual, pois uma série de circunstâncias formou exatamente isto aí que se fez, que estou contemplando. É gostoso de ler, de imaginar, de sentir. Lindo, Nathi (e Pri). Mas fez valer também pela forma como pensei a produção deste dueto, mui divertido. :D

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  6. Que ideia interessante e feliz esta de fazer duetos poéticos.
    O branco, as cores, os sons e o silêncio. Muito bom.

    Mas, melhor que isso, foi conseguir encaixar um "inexoravelmente" na poesia! Rs!

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  7. Nunca tinha lido um dueto tão bacana!
    Vcs se completaram perfeitamente!
    =)
    Gostei muito!
    Obrigada pela visita! Volta mais tá?
    ;*

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Vivendo o Óbvio Utópico...