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segunda-feira, dezembro 28, 2009

E eu perdi minhas lágrimas no mar,

     confundi meus passos marcados na areia e só então pude perceber que o céu começava a derramar seu pranto em silêncio. Despedi-me de quem fui e procurei descobrir quem serei, a única coisa que aqui permanece é o amor.

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Memórias Esquecidas

Deixe a porta fechada, arrume sua sala...
Hoje já não há mais ninguém em casa.
Não há mais calor nas paredes...
Toda a vida agora aqui jaz.
Dentre todas as lembranças...
A que me corta é a de maior bem querer.
Toda nossa história baila na minha memória,
E você insiste em bater à minha janela.
Mas, por favor, me deixe...
Hoje eu preciso adormecer.
Vá, reúna as memórias esquecidas,
Lembre das nossas frases já enfraquecidas.
Cumpra a promessa de me fazer feliz.
E se isso te levar pra longe de mim,
Faz ser assim.

sábado, dezembro 19, 2009

lembrança, verbos e anis

 De repente da poesia fez-se refrão. Suas rimas contagiantes e versos instigantes a envolver, derreter os ouvidos do cidadão apaixonado. Enquanto ligava seu rádio à pilhas em qualquer estação descobriu o verão e delirou de A a Z as palavras de bem-querer. Fez com que o distante estivesse diante, e o doloroso, caloroso. Transformou águas em aquarelas, brisas em sua tela e pintou seu viver, pintou o autor daquela música, aquela outrora poesia, nuvem. Dedilhou sensações, descobriu percepções, de cores e sabores. Olhou através de uma janela e viu o arco-íris de atos e fatos, quis ser ontem para eternizar cada memória, fez do pranto nota melodiosa, transformando em mar todo chão que pisara, banhou-se dos perfumes e cores de cada jardim que encontrara; fazendo o amanhã ser daqui a pouco.

 Enquanto a música lhe fazia homem, sua bela moça avistou, correndo ao seu encontro com caracóis e girassóis, num sobressalto ela lhe encarou, buscando entender motivos daqueles anis que ele lhe estendia, transformando sua vida em um licor de emoções, refrões. Entendeu que daquele sorriso só poderiam emanar flores e rumores. Ruminou a idéia de em um par estar, apaixonada por um olhar que não entendia o que lhe transmitia, mas lhe prendia. De papel ela fez seu coração e lhe entregou, deixando além de sua lembrança, seu verbo. Ele entoou uma música perdida em seus devaneios e esperou que ela entendesse. Ela já não podia lhe escutar.

quarta-feira, dezembro 16, 2009

Discos mudos

E aquele retrato ainda está aceso aqui na minha lembrança, todos os sons, risos e mares que nos consumiam, que nos tomavam e nos faziam ser aqui e ali. Lembrando dos momentos em que você e eu nos descobrimos apenas um, um mar de saudade e um luar repleto de palavras que me faziam delirar. Recuperei o gosto da sua boca na minha, a me falar em sons mudos todos os seus sentimentos, enquanto que eu apenas conseguia fechar os olhos e me fazer sua, completamente entregue a seus sorrisos e nossos abraços. Agora fica a saudade, saudade dessas lembranças, saudade do seu cheiro que ainda está em mim. Olhando para meu travesseiro consigo me lembrar de você deitado, com os olhos semicerrados a me fitar, a me devorar. Fazendo-me ter certeza de que mesmo na vastidão do universo, nada está propenso a ser além, além dos nossos amores e nossas canções.

Os vultos da madrugada testemunham cada sussuro de uma conversa travada à meia luz, guardando todas as sensações de um dia de mar, um mar de querer, quereres em dualidade. Te procurei nas páginas do meu livro, enquanto meu telefone não me trazia de volta sua voz rouca após aquele whisky que tomara para afundar a melancolia da distância causada pela brisa que partira meu coração em fragmentos de ardor. Enquanto aguardava a escuridão tomar meu corpo e me adormecer, peguei meu livro manchado e te procurei nas páginas amassadas, retratos de aluguel. Olhei para os discos de bossa nova e não pude deixar de tocá-los, mas só meus ouvidos não os ouvia, ecoando sempre aquela imensidão de vazio, que apenas sua ausência é capaz de gerar.

Fechei os olhos mais uma vez e te idealizei ali, a me segurar entre mãos e pernas. Me perdi enquanto explorava seus devaneios, sentindo sua urgência, lhe sussurei a falta que me fez e vi seus lábios se moverem em resposta aos meus cabelos em seu rosto, mas não conseguia ouví-los, pareciam distantes, ecos mudos. Mas você ainda estava ali e eu conseguia lhe tocar, resolvi então viver naquele abraço e me fazer sua. Perdi o fôlego quando consegui enfim ouvir um som e então, abri os olhos e vi o sol.

sexta-feira, dezembro 11, 2009

Microconto #1

Ele pegou sua mão e a fez percorrer cada microporo de sua pele.
Assustada, ela recuou.
Ele a respondeu com um abraço capaz de mostrá-la cada centímetro de seu corpo.
Ela acha que foi apenas mais um fruto de sua imaginação.

domingo, dezembro 06, 2009

Cíclica estação

Mais uma estação nasce,
Mais uma primavera chega,
E os anos passam, as desventuras se desfazem.
Principalmente os amores permanecem
Cíclico e inconstante, um dueto de ontem e hoje
Os anos passarão, mas a essência permanecerá
No próximo amanhecer da estação,
Mais um ano se dará,
Mais um sol resplandecerá
A juventude um dia acabará,
Mas a alegria e amor que emanam,
Essa dupla nunca disseminará
Hoje te dedico o som e o sol
Amanhã você conquistará o mar
E na próxima chegada dessa mesma estação
Cada partícula da memória bailará

~*

Parabéns ao meu leitor e amigo Vinícius =D

sábado, dezembro 05, 2009

Prosa Presa

Prenderam a Prosa, alegando que ela falava por demais, contando casos e acasos do menino e do beija-flor. Entre este e aquele verbo, destacava-se o amor; vítima da Prosa, com seu medo da dor. Mas a Prosa era menina direita, e era com apreço que contava o tempo, fazia vidas em aquarela e cantava o esquecimento. Jamais deixava para o segundo tempo o que o tempo agora lhe pedia, dançava no ritmo da saudade e lembrava dos tempos de mocidade: Suas primeiras aventuras, seu primeiro verbo narrado e até mesmo aquele que fora musicado. Lembrou de notas do samba e pediu mais uma vez aquela melodia; fora caça e caçador do mesmo objeto, cabendo sempre na mesma frase, vivendo a mesma realidade. Num golpe magistral a Poesia tomara seu tino, começara a versar seu riso. E lá elas se misturaram fazendo poesia cantada, fazendo verso recitado, até a Poesia tomar seu lugar e as pessoas deslumbrar. A Prosa queria mesmo só ser lembrada, fazer das suas letras, carta marcada. E enquanto buscava espaço entre uma estrofe e alguns milhos de pipoca estourada que percebeu como lhe fazia falta todo o seu dueto de domingo e segunda-feira. Então resolveu voltar, resolveu seu verso bailar. E nesse tango de nostalgia e reconquista se deparou com os mistérios de escrever contínuo enquanto as palavras pareciam querer pular para o próximo verso. Com esmero conseguiu na Poesia uma cantada passar, começando a lhe conquistar, sabendo que era apenas um artifício para tomar de volta seu lugar. As leis não lhe importava, o certo-e-errado perdeu-se nos ladrilhos daquela ruela. Até descobrir que aos olhos do Poeta, a Poesia transcendia e o amor era incondicional. Percebeu que não deixara de existir, apenas ficara presa na cegueira do Poeta...

terça-feira, dezembro 01, 2009

Vivendo no seu abraço

Terceiro 1; Segunda comemoração de 1
Grande e nobre sentimento de Infinito
Se foi antes ou depois daquele beijo não sei te dizer
Sei que deixei de ser 1 para viver 2
E vivendo 2, passamos a ser 1
Nesse jogo de números, vivemos as palavras
Vivendo as palavras, sentimos o amor
Quisera eu outrora ter segurado sua mão
Ter te levado pelo labirinto de descobertas
Disso que se designa estrada da vida
Hoje anjos cantam seu nome em gratidão
Por cada instante de sorriso emanado
E enquanto sigo vivendo no seu abraço
Beijo seus olhos que guardam meu coração
E hoje só sei que ainda será amanhã
Você o dono do meu sorriso, do meu olhar
Protagonista dos meus sonhos
Nesses dias de casos e acasos
Esses dias de eu, aqueles dias de você
O plim plim ecoa para os vultos
Enquanto nos fazemos em música e emoção
Mostrando-me seu groove, dançando no meu ritmo
Desse angustiante tango da saudade
E o sono vai embora, a vontade me devora
Memorizando eternamente o nosso 1
Até mesmo quando o 1 já for 100
Ou que esse 100 se torne o além
Este ou aquele, o que vier primeiro
Acolá e aquém, só você, mais ninguém