Páginas

segunda-feira, junho 28, 2010

sonho-real-sonho

Que saudade das ruas que o Quintana descreveu
Ruas encantadas, que nem sonhos sonharam

Que saudade das mãos que me aqueciam
Do abraço que me fazia sentir em casa,
Dos caminhos que seus pés percorriam
Os mesmos caminhos que eu seguia.

Que saudade do vento gelado que cortava o calor
Mas que fazia crescer o nosso ardor.
Que saudade das risadas que ficaram nas fotografias
Meus olhos através dos olhos teus
Minhas lâminas enfim cortando distâncias,
Cortando os obstáculos para repousar nos teus verdes campos

Além da saudade, repousam teus beijos por meu corpo
Hipnotizam-me a lembrança dos verdes teus
Ficaram tuas marcas em mim, como memória viva
Adormece comigo todas as noites o teu cheiro
Tua respiração se misturando à minha,
Sua mão se perdendo entre meus dedos.. Inquietos
Tuas palavras ecoando em meus ouvidos,
Como a música mais pedida da estação.

domingo, junho 13, 2010

Primeiro

E de todas as sensações a de toque era a mais inebriante, certeira e semi-mortal. Daquelas que te fazem planejar o passo-a-passo, a troca de olhares e cada palavra a ser dita... Daquelas que te prendem e não te fazem querer deixar o tempo passar, nem que seja preciso quebrar o relógio.. E principalmente que te fazem perder a noção de tempo-espaço quando se acaba. O chão se esvai. Ficam as nuvens, cada vez mais distantes.. Se afastando dos teus olhos, dos meus desejos... Daquelas noites em que fomos você e eu, sem destino, sem que ninguém soubesse nosso endereço. Apenas eu e você, eu me alimentando de teus beijos, você se alimentando de cada um dos meus poros, que te respiram, que te seguram em mim. 


Transformar as horas contadas em uma vida infinita.. De paixões e descobertas... Sempre ali, a te mirar, de perto, como se fosse sempre o primeiro amanhecer... Sem deixar que o pôr-do-sol anterior se vá... Revivendo o primeiro toque. Aquele que mais ansiei. E se for para pedir que algo de você fique em mim, que sejam as melhores memórias, daquelas vivas e cheias de cor, todas que puderem existir na paleta do mais magistral artista, pois eu me recordar de você me traz a certeza do momento em que você me fez tua... E me provou que era meu.

sexta-feira, junho 04, 2010

Dueto #1




P: Estava procurando pela felicidade quando percebi que...

N: Que dentro de cada um de meus versos continha um todo de você..

P: Percebi também que a cada molécula de ar que entrava em meus pulmões me traziam você; um choque de cores no pulsar das minhas emoções

N: E enquanto te trazia para dentro de mim em rajadas de suspiros, te expulsava da forma mais fulgáz através de letra e música

P: Como eu te desejo, meu bem... Como eu te quero só pra mim... É mais forte...

N: Que toda as versões de sonho que um dia eu poderia narrar, mais intenso que cada partícula que há.

P: E, perceber sua ausência é insípido demais... é uma paleta de cores em tons de cinza

N: Tão monocromáticos quanto aquela lembraça de um dia que não era eu ao teu lado

P: E por mais que esta dor tente me tirar a razão, eu continuarei por aqui... Sonhando que meus sonhos um dia possam ganhar vida...

N: Cuja vida seja tão inteiramente povoada por momentos em que me perderei entre teus beijos e braços. Abraços e desembaraços.

P: Desejos e vida. sim! muita vida.

 ~ *


De muitos duetos que pretendo trazer/fazer, este é o primeiro que trago.
Devo a honra de ter dividido as palavras desde poema com a Priscilla Nunes - autora do blog Estúpido Grito, que vale mais do que a pena conferir! =) #beijobeijo

quarta-feira, junho 02, 2010

Reticente

Porque era bem fácil pegar papel e caneta e discorrer sobre teus olhos, se eles me miravam. Também era de tamanha sensação as palavras que escorriam por entre meus dedos, em tinta. Papel manchado de desejos, longos cafés deliberados madrugada adentro em duetos com voz-violão. Suas palavras, suas marcas, intacto em meu corpo, você, voando em meus pensamentos feito a nuvem mais próxima, que quase pode ser tocada. Seus verdes, já tão bem próximos, me fazendo ansiar pelo segundo anterior e novamente o anterior. Para que aquele instante nunca findasse.

No solstício eu entoei refrões que outrora te dediquei em notas, partituras e cartas rasgadas antes de serem postadas. Dos meus rabiscos inconscientes eu te desenhei segurando minha mão, forte e implacável, de forma que através de retas assimétricas era possível ver minhas veias pulsando num ritmo de batimentos descontrolados, semi imorais. Das palavras soltas em torno de um texto comportado extraía-se toda a espera transmutada em urgências, em meu corpo clamando por tuas mãos e meus cabelos aguardando seu desembaraço.

Dos versos já tão reciclados, mensurava-se o ardor, amor, excesso de vigor que me repercutia, invadindo meus hemisférios e me possuindo como lote indefinido. E meus verbos se predispunham de forma a te ter presente, a te ter reticente e, te fazer meu gerúndio enquanto o meu estigma for traduzido em ânsia tua. Da tua boca fazer meu porto, dos teus braços e pernas indómitos, fazer meu futuro, meu prazer insigne. Alastrando feito chama com efeitos psicodistrópticos em minha mente, que agora só faz repetir as mesmas cenas do seu rosto colado no meu, da sua boca percorrendo a minha - que eu brevemente espiei - e do momento em que aqui chegara. Indefinido. Eternizado.