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terça-feira, setembro 29, 2009

Caça e caçador nos segredos da babilônia.



Abraçava-a, beijava-a, tomava-a nos braços com a maestria de quem toma um violino, delicado e implacável. Sabia a hora de lhe falar manso e a hora de prosear crônicas da vida... Sabia que era ao mesmo tempo caça e caçador. Buscava dentro de si mais uma maneira de fazê-la gritar, de fazê-la sorrir. E obtinha sucesso. Quão breve era sua abordagem, era também o efeito que a mesma percorria nos pequenos e frágeis poros da pele pálida daquela pequena moça... Aparentemente delicada e inofensiva.

Ela mais uma vez lançava-lhe seu olhar arrebatador e o fazia paralisar, sem nem ao menos tocá-lo. O fazia conhecer os segredos da babilônia, dominando-o lentamente, sem deixá-lo se dar conta. Fazia-o se sentir caça e caçador... Quando era apenas caça. Conversavam sobre as leis da física e do universo. Inventavam teorias. Percebia suas tentativas de surpreendê-la, se não fosse tão clichê tentarem isso, surtiria algum efeito. Sentia e vivia com ardor cada um dos braços, abraços, toques e beijos que dele recebia... Mas ainda era insuficiente. Não era como deitar debaixo de um céu pontilhado e narrar as histórias daqueles pequenos astros. Seu corpo se satisfazia, mas seu coração estava incandescente por amor. Os olhares que ela lhe lançava eram desesperados por uma leve percepção do seu querer.


Ele entendia esses olhares como uma resposta de satisfação e prazer. Ele queria cantar-lhe as canções que outrora sussurrara para seus fones de ouvido, queria fazê-la enxergar que merecia as sete maravilhas do mundo. Queria deitá-la debaixo de uma cerejeira num final de tarde e após o crepúsculo, contar-lhe histórias de sua meninice. Queria aperta-lhe a mão e fazê-la sentir seu coração... Queria mostrá-la que há muito seus motivos de ali estarem havia mudado, que há muito tinha porquê voltar noite após noite.

Ela sabia que os motivos que o traziam eram sempre os mesmos, sempre à mesma hora. Nunca mudaria. Assim como nunca mudara até então. Sacudiu então a cabeça a fim de afastar as ilusões que os olhares dele a traziam. Fechou os olhos, para que não passasse mais luz por suas pupilas, deleitou-se ao lembrar de tantas esperanças anteriormente frustradas. Lembrou de suas ilusões e de suas alucinações, com prazer matou a luzinha que emergia no meio de sua escuridão.

Ele planejava como iria abordá-la esta noite, após adentrar aquela porta mais uma vez e, como em todas as outras, ir em sua direção... Perguntava-se se conseguiria, ao menos hoje, fazê-la acreditar que irá tirá-la daquele lugar.

segunda-feira, setembro 28, 2009

Eu, você, num mar sem fim.

Hoje corri sem fim pela areia e vi o mar suspirar.
Hoje cantei ao vento meus pensamentos e vi as montanhas a me acalmar...
Hoje procurei diversas vezes por seus olhares ternos e só encontrei o vazio da estrada..
Corri no asfalto quente até ralar meus joelhos... E não consegui te alcançar...

Até que sentei e suspirei e o vento te trouxe até mim...

Olhei para o lado e fiquei esperando por sua voz. Não escutei.
Sua frase mais profunda foi o abraço que me deu...
Mantive meus olhos fechados a fim de eternizar aquele momento.
Vivo sua alma... Toda vez que sentí-la, vou te contar... Baixinho, sussurrando em seu ouvido, como diria o poeta, nossos segredos de liquidificador.
Hoje resolvi escutar os retratos da minha vida...
Nos vi conversando e correndo por debaixo daquelas árvores... Vi nossas sombras refletidas no chão áspero... Mas você sempre estava ali, era o que dava sentido.
Agora apenas te tenho por meio de palavras, você me inspira.
Você substitui o lápis e a necessidade de pensar em frases e palavras, só te manter no pensamento que o discurso sai... Só te sentir que  prosa vira poesia.
Tive vontade de correr e dançar contigo o tango da saudade.
Tive vontade de sentar e só te ter ali do lado.
Tenho vontade de viver no seu abraço.
Corro, vivo, luto contra o sono e o relógio que insiste em correr a fim de te ter perto mais um pouco.
A nostalgia se tornou meu divã, louca e sedenta dos meus desabafos, casos e acasos.
E eu na eterna busca do seu olhar...
Já perdi as contas de quantas vezes comecei a discar seu número e desisti no último dígito.
Reluto para assumir que além de fazer parte da minha vida, agora você faz parte de mim.
Mas assumo que hoje, mais do que nunca, minha maior inspiração é você. Que assim seja.

sexta-feira, setembro 25, 2009

... com gelo, por favor.

Estou vivendo a era do blues...
Estou me alimentando de nostalgia...
Estou procurando nos dicionários uma palavra apenas..
Para matar o tempo, bebi uma dose de divagação.
Para correr contra o relógio, lembrei de você...
Para ser eu, transformei-me em música e letra.
Abro a cada instante uma das páginas amareladas do livro que guardam minhas recordações de um passado que se reinstalou em mim, que toma conta do meu presente... Vejo e revejo fotos enquanto ouço músicas das baladinhas dos 16. Lembro das manhãs de verão, fingindo prestar atenção à aula... Enquanto meu pensamento já tinha morada. Vejo meus pensamentos se repetirem em formatos e palavras diferenciadas....
Anseio por vozes, desespero-me por sorrisos. No final das contas apenas sou um bote em meio ao oceano.
Começo textos sem sentido, escrevo sem saber o quê, corro contra as palavras para não arrepender-me.
Quem és tu, grande pequeno ser? Diga-me para que eu possa saber quem sou.
Cuide de suas plantações, suas flores são os organismos mais importantes que você pode ter. Não sabe porquê? Um dia você irá entender... Caso não entenda, alguma raposa que encontre pelo caminho explicará-lhe... Enquanto isso, aproveite a paisagem. Mostre-me para que veio...
Mostre-me seu groove, dance no meu ritmo... Só não esqueça minha dose de Johnnie...

... com gelo, por favor.

quarta-feira, setembro 23, 2009

So close, so far...

Já passa de meia noite... mais um plim plim na televisão ligada para os vultos do silêncio...
Me pego trocando mensagens que visam descobrir respostas sem explicação... Pelo menos para os livros.
Como um alguém que nem sempre esteve tão perto nunca conseguiu estar distante? De onde será que vem esse estar longe, mas estar perto?
Novamente me pego imersa em questões sem pretensão de respostas... Mais uma vez me pego com respostas que nunca tiveram enunciado... Mas você está aí, não preciso narrar capítulos da vida para você estar a par de mim, basta te tocar... Ou então apenas te sentir. Te sentir vivo e presente, onde quer que seja, já me engrandece.
Coloco uma música no último volume para tentar lembrar das suas bandinhas de rock'n'roll, o vizinho me pede para abaixar. É aí que eu descubro que não preciso de motivos e nem de razões para te lembrar, para saber que mesmo longe, você ainda está aqui. Sempre estará. Não há maneira de esconder isso.
Pego meu skate e lembro das suas peripécias na porta da escola. Lembro das tardes dedicadas aos jogos extra-disciplinares, lembro dos dias que você esteve tão perto.
Hoje já não tem porquê e nem como, agora você faz parte de mim, faz parte da minha respiração e percebo que não precisarei ficar te sentindo mais tão longe.
Agora seremos feito de música e emoção, silêncio e respiração, abraço e pôr-do-sol.

Só enquanto eu viver, vou me lembrar de você. Um beijo na testa.



terça-feira, setembro 22, 2009

Nem 8, nem 80.

Hoje foi um dia de casos e acasos, de eiras e beiras...
Despertei antes dos meus olhos se abrirem... O ar chegou aos meus pulmões antes que eu respirasse... Você apareceu na minha frente antes que eu pudesse dizer 'oi'.
Antes mesmo que o sol desse tchau, minha lágrima secou. Antes mesmo que eu pudesse percebê-la, você já tinha voltado.
Agora estou aqui, com meu 8° copo de café do dia, escrevendo palavras com minha respiração...
Procurando razão nos trechos da emoção... Vivendo um rabisco que não tem explicação. Procuro olhares e encontro sorrisos... Desespero-me por sorrisos e encontro pegadas na areia.
Mais um fim de tarde com meu caderno manchado de café, mais uma noite que repete várias cenas de um filme romântico. Mais e mais lembranças que eu insisto em apagar.
Hoje resolvi dar "OIs" que haviam se tornado "Adeus"... Hoje resolvi voltar a ter o que me move, hoje resolvi fazer a montanha vir até mim. Resolvi pular de pára-quedas sem sair do meu sofá. Hoje eu só quero cantar e gritar... Me divertir e exclamar. Amanhã eu canto e interrogo.
Resolvi ser 'eu' em poucas palavras, resolvi me resumir em 'não' e 'sim'. E nesse fim de tarde, eu quero ter um amanhecer! Minhas noites frias ficaram na caixa enterrada no quintal... Hoje e amanhã eu quero fazer viver. Quero fazer sorrir, seja eu ou você.

E hoje não foi nem 8 e nem 80. Hoje foi mais um dia de eu, hoje foi mais um dia de você.



Um beijo na testa. ;*

sábado, setembro 12, 2009

Guardar tudo numa caixa...

Hoje eu resolvi guardar tudo numa caixa. Pegar tudo que tenta me fazer mal e deixar lá dentro até ser esquecido, peguei a energia negativa que emana do mundo, joguei sem nem menos pensar que poderia ir alguma princípio de energia positiva. Fui pegando todas as pendências e lá deixei... Uma vida pendente é uma vida que anda para trás. Deixei também as lágrimas que estavam soldadas no meu coração, pouco a pouco fui conseguindo desobstruir o caminho. Agora o meu coração está limpo de mágoas. Inclusive deixei todas as tristezas que me derrubaram durante um tempo. Agora a cabeça está erguida pra valer.

Essa caixa eu enterrei no quintal, embaixo daquela antiga cerejeira, onde tantas e tantas vezes me sentei para sentir a brisa tocar meu rosto enquanto alguém cantava uma canção baixinha em meu ouvido. Busquei cada uma dessas lembranças e após filtrá-las, enterrei junto as que me traziam momentos de desamparo.


Após retornar para meu closet de lembranças e sentimentos, pude passar a organizar a minha caixa vigente, a caixa onde ficarão as coisas que eu quero e que me arrancam singelos ou escancarados sorrisos. Guardei flores secas pelo tempo, sorriros tímidos por frases inesperadas, gargalhadas arrancadas no meio de uma conversa casual, bilhetinhos de correio-secreto, canetas brilhosas que outrora escreveram cartões, fotos de lugares e momentos eternos, papéis amassados de viagens de ônibus, livros que se tornaram parte de mim, tickets de mil e uma coisas, perfumes cujos aromas não se esquecem, sonhos que transformam e modificam meu futuro, surpresas que poderiam se repetir eternamente, baralhos das noites em claro sem nada para fazer, lápis de cor com os quais pintei os sete mares, clips que prendem minhas lembranças, alfinentes segurando partes customizadas de roupas, cartas de namoradinhos do primário, cartas de amigos distantes, lenços que secaram lágrimas, anéis que significaram toda uma vida, botões que se soltaram, acessórios de toda uma surpresa montada em dias, doces de halloween, documentos falsificados para as noitadas antes dos 18, ímãs que pregavam fotos nos porta-retratos, passagens de erros e acertos, sabonetes colecionados ao longo de estadias e moradas, elásticos separadores de momentos, adesivos coloridos que retraram meu humor, remédios que me acompanham por toda a vida, batons vermelhos que me fazem mudar de órbita, óculos retrô que me leva para a época do blues, flyers que nunca serão usados, selos de correspondências que esperei ao lado da caixa de correio, tesouras que arrancaram partes do meu cabelo, chaves que nem lembro o que abrem, desejos de um mundo melhor, dados que ganhei nos melhores jogos que participei, fotos que retratam 20 anos, fichas de guitar hero e afins, envelopes coloridos de uma carta que nunca enviei, promessas feitas para o espelho no meio da madrugada, apontadores assoprados num momento de desespero, cd's de toda uma diversidade musical, álbums de fotos bonitas e que devem ser esquecidas, laços de amizade, amor....


Já essa caixa se manterá com a tampa aberta, não tenho motivos para fechá-la.

quinta-feira, setembro 10, 2009

Make me feel

Make me feel... Uso e desuso essa frase, respiro e vivencio cada uma de suas letras, cada um de seus sentidos. Sentir... O que busco? Qual a sensação que tanto rodeio meu ser para alcançar?
Liberdade? Extroversão? Felicidade? Amor? Preenchimento?...
Cada um traz consigo uma essência, um leve aroma que é encantador... Mas qual será o que realmente minha alma anseia? Será uma batida com muito gelo de todas as sensações que busco? Vivo momento após momento em busca de uma pequena palavra que corresponda a pelo menos uma das minhas dúvidas que parecem não sair do lugar... Enquanto carrego nos bolsos do meu jeans todas as respostas anotadas em pequenos pedaços de papel amassado e dobrado em quatro...
Me lembro dos dias em que pulava de um lado para o outro e no meio de uma diversão corriqueira da infância, o mundo tinha todas as respostas que eu precisava. Hoje após segundos, minutos e horas buscando, nada consigo encontrar. Quando abro os olhos pela manhã... Lá estão! Respostas... Estico os braços rapidamente para alcança-las... Tarde demais, minhas mãos ficam estendidas no ar. Para onde foram? Eu consegui recolher pequenos trechos, rapidamente os anoto em papéis que farão companhia aos já deteriorados pelo jeans usado. E mais alguns dias se passarão e as novas respostas se tornarão antigas e mais e mais vezes me depararei com meus braços estendidos à minha frente. Até quando buscarei algo que só existe na minha imaginação? Rá. Ao pronunciar tais palavras fora do meu consciênte já pude perceber que as coisas que eu buscava e que apenas viviam em minha imaginação já se esvairam por ai... Hoje mantenho as questões com enunciados reias. Vivo e respiro as dores do mundo. Cresço e conheço os trechos que viram papéis do jeans e em seguida parte dos meus arquivos da memória.

Hoje eu só quero encostar a cabeça no travesseiro e obter novas respostas... E amanhã? Amanhã meu jeans terá novos papéis para hospedar.

terça-feira, setembro 08, 2009

Freedom


Liberdade. Arrepio; choque; alívio; ânimo; desespero.
Difícil esquadrinhar a reação da tal sonhada liberdade.
Complicado entender cada uma de suas letras, cada uma de suas sílabas, todo o seu significado.
Desesperador tentar imaginar o poder da liberdade.
Primeiro desejo, último entendimento alcançado.
O que é ser livre? É poder ir e vir? É tomar decisões acerca de horários, companhias e bebidas?
Ser livre é mandar no próprio nariz e não precisar ouvir 'não' de ninguém?
Ser livre acarreta somente a conquistas dos desejos tão almejados?.. Ser livre acarreta também a conquista de problemas, responsabilidades e dívidas.
Boa parte da nossa destruíção e das dores do mundo são fruto de pessoas completamente livres e "conscientes" de seus atos. Será que realmente estamos preparados para usufruir de total liberdade? Liberdade é estado, é característica ou é droga tóxica?
Quanto mais usamos de liberdade, menos nos satisfazemos... Quanto mais nos privamos, mais enlouquecemos. Qual a medida exata então? Dois dedos e muito gelo? Ou uma dose com limão e sal? Seja qual for, experimente.
Viva, grite, corra, seja livre, nem que seja só agora, nem que seja só sobre o travesseiro.
Respire, use e abuse de liberdade, mas só a leve para fora de seu quarto se souber dosá-la, se souber a hora de ser livre, se souber o que é ser livre.